Frases


"O coração que se ganha é o que se dá em troca"Marcelino Freire



terça-feira, 30 de março de 2010

Projeto "Maria da Glória" Selecionado


Uma ótima notícia! O projeto "Maria da Glória", idealizado por meu irmão, Diego Akel, foi um dos felizes contemplados pelo Edital "Se Essa Rua Fosse Minha", da Secretária de Cultura de Fortaleza. Este Edital celebra o aniversário da cidade e neste ano o proponente deveria escolher uma rua da cidade para ser a base da produção de seu filme (ficção, documentário, experimental ou animação). Diego escolheu nossa própria rua, na verdade alameda, que também aparece no título do curta: Maria da Glória.

O curta terá como uma das ferramentas centrais o uso de fotografias de pontos específicos, focando nos detalhes despercebidos, ou não muito observados de nossa rua. Diego fará a animação propriamente dita em cima desta fotos, mesclando-as para obter resultados bem singulares.

Inicialmente, minha contribuição será justamente na área fotográfica. Já andei fazendo algumas fotos de teste. A ideia é ter imagens de locais da rua a que ninguém ou quase ninguém dedica a atenção, ou de pontos conhecidos sob perspectivas diferentes. É a ideia geral do curta, que começa a ser posta em prática já neste estágio inicial.

É uma ideia ousada, que visa dar uma mostra da outra ótica que há por trás de casas e mais casas enfileiradas. Uma reflexão que pode nos fazer pensar a respeito de onde realmente vivemos. Esse conceito não se resume apenas à nossa rua, está também expansivo a onde quer que haja vida, dependendo apenas de como os olhos a veem.

Tem tudo para dar um resultado final bem interessante, que reflete bem o ponto de vista de Diego ;)

Para maiores informações e detalhes de como anda a produção, visite o Blog de Diego Akel e procure por Maria da Glória.

Em breve, falarei um pouco também do curta Círculo, já em produção há tempos ;)

segunda-feira, 29 de março de 2010

TIKITIKLIP - La Señorita Aseñorada


Assisti a esse curta também em um dos intervalos do canal Futura, e no mesmo instante fiquei bastante impressionado. Uma pena a televisão de hoje ter tão poucas atrações que realmente valham a nossa a atenção...

Trata-se de mais um trabalho bastante singular da produtora chilena TIKITIKLIP. Em La Señorita Aseñorada, vemos uma história romântica e inusitada, embalada pela canção de Miranda e Tobar (os mesmos de El Soldado Trifaldon). A execução do curta também é muito interessante, valendo-se de um stop-motion simplificado, mas perfeitamente combinado à emoção natural dos bonecos, feitos a partir de crinas.

A trilha sonora mais uma vez tem um papel muito importante aqui, praticamente seguindo como fio condutor de todo o curta. Há também um certo ar melancólico, que contribui bastante para o caráter emocional da animação. Sem dúvida mais uma obra única, fascinando e comovendo facilmente quem se deixa levar pelos seus encantos.

E sem mais palavras, o curta:

quinta-feira, 25 de março de 2010

Salon du livre de Paris 2010



Amigos, a partir de amanhã tem-se início um mega evento literário, o Salon du Livre, conceituado evento frânces que chega à 30ª edição este ano. Ainda não tinha conhecimento dessa celebração até hoje, quando visitei o blog da L&PM (também recentemente descoberto, apesar de eu sempre gostar da editora) e vi notícias a respeito.

Trata-se de um evento inteiramente dedicado à literatura, tão apreciada e debatida em países europeus, que movimentará intensamente a capital francesa ao longo dos próximos dias. Nomes como Paul Auster e Umberto Eco, entre outros distintos convidados - além é claro dos escritores franceses em ascensão, farão parte dos muitos eventos organizados, entre debates e mesas redondas.

Para informações precisas, podemos ir ao site oficial (em frânces, mas há um link para uma versão em inglês).

Para acompanhar as principais notícias sobre essa festa literária, sugiro o bem elaborado Blog da editora L&PM, sob o afiado e conciso texto de Ivan Pinheiro, que acompanha de perto o espetáculo.

Quem dera se nós, brasileiros, tivéssemos eventos literários tão significativos como este (talvez se a população tivesse mais o hábito da leitura), mais precisamente aqui em Fortaleza... mas ao menos podemos esperar a Bienal do Livro, a iniciar-se a partir do próximo dia 9 ;)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Dica de leitura: Alice no País das Maravilhas


Bom, não é querendo me aproveitar do alvoroço em cima do lançamento da adaptação de Tim Burton para o cinema, mas achei importante estrear esta seção do blog falando deste incrível livro.

Publicado inicialmente em 1865, Alice no País das Maravilhas é o típico livro que pode ser tachado prematuramente por ser inicialmente voltado ao público infantil, mas que após alguns minutos entre suas páginas percebemos que ele vai muito mais além disso.

O livro traz uma linguagem simples, direta, sem muitas descrições, mas com uma excepcional liberdade criativa e fantasiosa. O universo surreal é apresentado de maneira tão convicente, principalmente aos olhos da própria Alice, que nos vemos imersos nessa realidade onde tudo é possível.

Um outro fator interessante da obra é a predominância do uso de lógica e proposições, mais ou menos no estilo desta que cito abaixo:

Os Dicionários são úteis; Livros úteis são valiosos. Os Dicionários são valiosos.

Isso se deve ao fato de Lewis Carroll, autor da obra, ter sido um dos mais distintos e respeitáveis professores de matemática e lógica de seu tempo. Na verdade, ele inicialmente publicou diversos livros técnicos nestas áreas, sob seu nome real, Charles Dodgson, só depois se dedicando à literatura.

Obteve também reconhecimento como fotógrafo, retratando pessoas importantes da época, como poetas e cientistas, além de meninas entre 8 e 12 anos. Foi uma de suas modelos, a pequena Alice Liddlle, pela qual nutria uma paixão platônica, que inspirou a sua maior criação literária.

Eu já havia começado a ler há algum tempo, mas por alguns reveses, tive de interromper a leitura. Recentemente, fiz a mim mesmo o favor de voltar a me aventurar pelo País das Maravilhas, relendo e me impressionando novamente com a mistura de simplicidade e complexidade presentes em cada página.

É realmente uma história incrível, única, banhada de originalidade, que pode fascinar facilmente a todos que se deixarem levar para dentro da toca do Coelho ;)

Em breve falarei mais um pouco sobre esse clássico da literatura, mostrando os desenhos originais da primeira edição, além de outros comentários também sobre a sequência deste livro. Enquanto isso, corram para as livrarias!

quinta-feira, 18 de março de 2010

TIKITIKLIP - El soldado Trifaldon


Antes de mais nada, lembro a todos de que agora o Diálogos também está presente no Twitter, como podem ver ao lado.

Vamos, então, à postagem:

Assisti a esse curta pela primeira vez durante comercias no canal Futura, e ele sempre me chamou a atenção pela criatividade e beleza. Claro que tão forte material não poderia deixar de estar no YouTube, então compartilho com os leitores do Diálogos:



É uma produção chilena, cujo aspecto surrealista, presente em todo o curta, é um dos destaques, juntamente com a cativante trilha sonora. Baseada em uma brigada muralista conhecida como Ramona Parra, a animação trata de temas como guerra e perdão de maneira bastante peculiar, sem parecer forçada ou arrastada. Traz um certo ar cômico bastante expressivo, mas também impressiona pelo sentimento e emoções presentes. A poetisa chilena Maria de la Luz Uribe assina a letra da canção; Miranda e Tobar compuseram a música.

O curta é parte integrante de uma série de vídeos animados produzidos pela empresa chilena TIKITIKLIP.

Sem dúvida, um excelente trabalho, mostrando que simplicidade e criatividade juntas não podem dar outra coisa :)

segunda-feira, 15 de março de 2010

O mundo mágico de Art Clokey - (III)


Dando continuidade à série de postagens sobre o grande animador Art Clokey, vamos à terceira e última parte.

Como disse na postagem anterior, Gumby pode ser a maior criação de Clokey, mas não a única. Após o sucesso do The Gumby Show, em meados do anos 60, Art Clokey envolveu-se na produção de uma nova série em stop-motion, desta vez uma série cristã voltada ao público infantil. Era o início de Davey and Goliath.



Os episódios de 15 minutos da série contam as aventuras do garoto Davey e seu cachorro falante Goliath, enquanto eles aprendem valores de Deus sob várias situações do cotidiano.
Com produção da Lutheran Church of America, foram levados ao ar mais de 300 episódios da dupla, do período entre os anos 60 e 75. Joe Clokey, filho de Art, produziu ainda um novo episódio, em 2004.

A equipe de produção liderada por Clokey fez mais uma vez um excelente trabalho, garantindo um nível de animação bastante fluido, com um stop-motion suave e agradável.

Veja um pouco no vídeo abaixo:



David and Goliath fez bastante sucesso em sua época, pelos temas e questões abordados para o público infantil. Recentemente, teve vários episódios lançados em DVD.

Um dos detalhes mais interessantes do trabalho de Art Clokey são as aberturas de suas séries. Além da abertura, cada episódio de Gumby sempre traz uma criativa vinhetinha na tela de título, girando em torno do tema do episódio. Passando por suas séries, Art Clokey também realizou créditos de abertura para filmes, sendo esta a mais conhecida, do filme Dr. Goldfoot & The Bikini Machine, de 1965:




E já próximo à conclusão desta série de postagens, não posso deixar de mostrar Mandala, um dos trabalhos experimentais de Clokey, de 1977. Um verdadeiro deleite visual entre formas, expressões e sentimentos:




Bom, chego então ao final desta série de postagens, que além de serem uma referência a Art Clokey, são também uma homenagem: o grande animador, infelizmente veio a falecer no dia 8 de Janeiro deste ano, aos 88 anos. Eu já conhecia o excepcional talento deste mestre do stop-motion há quase um ano, época em que comecei a baixar os episódios de Gumby, e então veio essa lastimável notícia...

Mas Clokey nos deixou um vasto mundo a explorar, que sempre pode ser redescoberto. Gumby até os dias de hoje ainda faz muitas aparições em exposições e documentários, como o premiado Gumby Dhrama.

Espero que estas postagens possam introduzir algo para quem ainda não conhece este belo trabalho de uma vida. Fãs de animação, ou simplesmente de um bom entretenimento, não deixem de conhecer o mundo mágico de Art Clokey! =)

terça-feira, 9 de março de 2010

O mundo mágico de Art Clokey - (II)



Na penúltima postagem, comecei a falar um pouco sobre o grande animador Art Clokey. Dando continuidade, sigo mostrando a abertura original do The Gumby Show:




Nos Anos 80, iniciou-se uma outra fase de produção da série, ampliando o universo criado inicialmente, com a adição de novos personagens e histórias. Esses episódios perderam um pouco do aspecto surreal dos originais, mas mantiveram bem a essência dos personagens e enredos. Ao todo foram 104 episódios inéditos. Veja a abertura deste novo segmento:




Segundo Art Clokey, esta nova série deu a muitos talentosos animadores de hoje a sua primeira oportunidade. Após, eles foram trabalhar na Pixar, Disney e outros estúdios.

O que continua fascinando no universo de Gumby é a simplicidade de tudo. Os cenários, geralmente compostos de brinquedos, criam uma boa harmonia com os personagens. A ideia de os personagens "entrarem" nos livros também é bem interessante, e dá um ar bastante imaginativo ao andamento das histórias, além da ótima execução do stop-motion, perfeitamente criativa em muitos momentos.

Clokey, porém, foi mais além, e em 1995, produziu um longa para Gumby, intitulado Gumby I ou Gumby The Movie:



O filme amplia ainda mais os conceitos vistos nas séries, apresenta um universo bem peculiar, eleva as técnicas de animação ao seu ápice, além de parodiar grandes clássicos como Star Wars e 2001: uma odisséia no espaço. O trailer, referente ao lançamento em DVD, pode ser visto abaixo:




Gumby e sua turma ainda fizeram diversos comerciais de cereais, além é claro de brinquedos, no final da década de 90, mas nenhum novo projeto animado surgiu desde então. Grande parte dos episódios foi lançada recentemente em DVD.

Tanto os episódios originais, das décadas de 50 e 60, como a nova série de 1988, além do filme, podem ser facilmente achados no YouTube e também via torrent. Vale a pena assistir a esse material, sem dúvida. Ao todo, são mais de 230 episódios.

Mas não foi apenas de Gumby que viveu a mente criativa de Art Clokey; veja mais na próxima postagem desta série. =)

domingo, 7 de março de 2010

Fantástico curta em Stop-Motion


Mais um achado do YouTube, por referência de PES, outro grande animador do qual falarei aqui em breve. O seguinte curta impressiona sob todos os aspectos, mas antes de falar mais, aí vai:


O paciente trabalho é obra do animador alemão Rogier van der Zwaag, que usou mais de 4000 fotos para a produção. A princípio, parece se tratar de uma animação 100% digital, mas após alguns segundos podemos perceber a sutiliza das formas, quando estas se sobrepõem. O ritmo ditado pela música é obedientemente seguido pelas coreografias, bastante criativas e surpreendentes.

Cada bloco foi confeccionado, pintado e precisamente ajustado para o efeito desejado. Nota-se também que o animador, estrategicamente, espelhou os blocos para criar uma ilusão de um ambiente fechado. Esses seriam alguns dos efeitos digitais, adicionados durante a edição do curta, como podemos ver no making of, neste link.

A iluminação é outro fator que se destaca. O contraste entre os blocos e o preto do fundo dá uma certa amplitude às sequências. As cores vibram e saltam aos olhos, desafiando nossa percepção em vários trechos. É um curta que merece ser estudado quadro a quadro, a fim de se compreender todas as suas composições.

Me fez lembrar diretamente obras do grande animador Oskar Fischinger, aclamado por seus trabalhos experimentais abstratos, muitos enfocando formas geométricas.

Também me trouxe novas inspirações para o meu curta, Polígonos, cujo desenvolvimento está pausado, mas que logo deve ser retomado no ritmo de antes. Veja mais sobre ele aqui.

Comentários serão bem-vindos!

sexta-feira, 5 de março de 2010

O mundo mágico de Art Clokey - (I)


Voltemos a falar de animação, precisamente em um dos grandes nomes do stop-motion. Art Clokey foi um dos pioneiros na popularização desta técnica de animação, tão comum atualmente.

Seus trabalhos na área começaram em 1955, com a produção de curtas experimentais utilizando massa de modelar como ferramenta. Daí nasceu seu primeiro curta, o surpreendente Gumbasia, seguido dos não menos impactantes Mandala e The Clay Peacock. Todos visualmente únicos e extremamente criativos. Curiosidade: o nome Gumbasia é uma homenagem ao igualmente impressionante Fantasia, de Walt Disney.

O aclamado Gumbasia:



De Gumbasia, veio a ideia para algo maior. A mistura de cores, formas e emoções presentes neste curta chamou tanto a atenção na época que Clokey foi incentivado a criar personagens para evoluir suas técnicas. Foi ainda patrocinado para a produção de um piloto de uma série: The Gumby Show, onde entrava em cena sua maior criação, o personagem Gumby:



O nome Gumby provém de sua infância, quando ia à fazenda de seu avô e adorava brincar com uma mistura de argila e lama conhecida como "gumbo". A ideia do personagem foi da esposa de Clokey, Ruth, que sugeriu sua criação com base no famoso biscoito de gengibre, que usualmente é feito na forma de pequenos "homenzinhos".

Esteticamente, o personagem parece não ter muita proporção, mas há razões práticas para suas pernas e pés serem visivelmente mais largos do que as mãos e braços: garantir uma boa base para que o personagem ficasse em pé durante as filmagens em stop-motion. Clokey lhe deu a cor verde por ser a sua favorita. O formato peculiar de sua cabeça também é inspirado em sua vida; seu pai usava um corte de cabelo similar.

The Gumby Show teve seu início em 1956, permanecendo até 1967, ao longo de mais de 130 episódios. Além de Gumby, personagens como o animado Pokey, um pônei falante (cuja voz muitas vezes era feita pelo próprio Art Clokey), e Prickle, um dragão que se porta como detetive, além de vários outros, compõe o elenco de personagens.

Personagens carismáticos, enredos simples mas bem elaborados e a incrível técnica de animação tornaram a série um clássico da animação. Veja abaixo imagens históricas:





Ao fundo, foto do pai de Art Clokey, que lhe inspirou um dos detalhes característicos de Gumby.







Em 1955, Clokey iniciava a produção do The Gumby Show. Aqui ele posiciona estruturas e personagens em um dos primeiros episódios.



Aguardem nas postagens seguintes a próxima parte deste passeio pelo mundo criado por Art Clokey =)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Palavras de Moacyr Scliar



Marcando a estreia do tema literário no Diálogos, escolhi Moacyr Scliar como referência.

Moacyr Scliar é sem dúvida um dos maiores escritores brasileiros em atividade. Sua vastíssima obra conta com mais de 70 livros publicados, entre contos, crônicas, romances, ensaios e infanto-juvenis. Além de escritor, é formado em medicina e trabalha como médico na área de saúde pública. Também é professor universitário.

Scliar é um de meus autores favoritos; sua antologia Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar, que chegou até mim como um paradidático, na época de escola, foi um dos livros que me fez despertar para o fascinante mundo das letras. Seu estilo, levemente irônico, crítico, ao abordar temas atuais, cativa pela engenhosidade com a qual compõe seus textos.

Encontrei o vídeo abaixo durante minhas pesquisas sobre o autor, e fiquei maravilhado com o que vi. Uma entrevista com um escritor, para todos os públicos, sempre tem algo de instrutivo a acrescentar. Moacyr Scliar nos conta um pouco de sua história, da infância simples à posição de escritor, o interesse pela profissão médica, o gosto por escrever e como nasce um escritor.

São mais de trinta minutos; parece uma conversa longa, mas quando nos damos conta da grandeza de diálogo de Moacyr Sliar e de suas histórias vemos o quão ínfimo este tempo é. Vale a pena se deixar levar pelas palavras deste grande escritor brasileiro, que é uma de minhas maiores referências. Como diria o próprio Moacyr Scliar: Palavras, são tudo para quem escreve. Ou quase tudo.

Deixo vocês com as palavras de Moacyr Scliar: