Esta postagem foi um tanto quanto inesperada, mas senti que devia fazê-la.
Ontem, estava tranquilamente trabalhando, na alta madrugada, quando me veio um lampejo: "Ah, vou já ver como anda o Moacir!". Moacir Costa Lopes, um grande escritor, autor do famoso "A Ostra e o Vento" que conheci através da Bienal do Livro 2010, aqui em Fortaleza. Abri o Google, digitei seu nome, e veio-me a bomba. Moacir tinha falecido. Em novembro do ano passado. Decorrente de um câncer. Fiquei alguns minutos enternecido, e me vinheram de imediato as cenas da Bienal, da palestra que ele dera, uma aula praticamente, e do momento que fui cumprimentá-lo. Moacir foi o único dos escritores que assisti a que consegui falar, parabenizar, em um momento bem especial. Só hoje descobri que ele já estava doente na época da Bienal.
O mais curioso de tudo, como falei precisamente no meu texto da época (a quarta da série Bienal do Livro 2010), foi que eu quase perdi a apresentação de Moacir, porque ainda não conhecia nada sobre ele, e naquele dia não imaginava haver nada que me interessasse nos corredores do Centro de Convenções. Ledo engano. E arrisco a dizer que com certeza foi um dos melhores dias que tive no evento.
Algumas das palavras que ele me falou podem parecer breves a princípio, mas são uma virtude que é a base para se fazer qualquer coisa hoje e sempre. Ter paciência. Para escrever, para reescrever, para viver. É uma lei natural para um vida tranquila.
Infelizmente só fiquei sabendo da notícia meses após, o que me deixou ainda mais chateado. Para vermos como é a situação do Brasil... é óbvio que se tivesse sido um jogador de futebol ou um ator, a notícia teria explodido em todas as mídias. Pesquisando melhor, vi que foi noticiada em alguns sites, e algumas homenagens até foram feitas. Mas imagino que muita gente ainda não saiba que o Brasil perdeu um grande escritor, e que talvez sequer venha a saber.
Moacir tem uma bela história de vida, apesar das dificuldades pelas quais passou, e contou um pouco de sua trajetória na palestra. Foi marinheiro por vários anos de sua vida, e esta experiência o fez escrever sobre o mar como ninguém. Criou ainda sua própria maneira de escrever, e explica sua metodologia no fantástico Guia prático de Criação Literária, livro que acabei não comprando na Bienal, mas poucos meses após, e que é uma de minhas principais referências para organizar as ideias antes de escrever. A obra é mais prática do que acadêmica, mas é lotada de informações valorosas tanto a estudantes, professores e escritores, e quem mais quiser compreender o método de criação deste brilhante escritor.
Moacir nos deixou uma obra vastíssima, que reflete extraordinariamente a pessoa que foi. Vamos lê-la, divulgá-la, estudá-la. Mantê-lo sempre vivo.
Tive a bela oportunidade de cumprimentar Moacir no festival de Cinema de Jericoacora, quando tiveram a feliz iniciativa de homenageá-lo. Era marcante a simplicidade e delicadeza desse senhor. Muito legal sua postagem. Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirFoi mesmo Carol? Legal, não sabia! Pois é... a humildade dele era mesmo memorável.
ResponderExcluirObrigado pelas palavras e apareça mais :)