Fotos: Denis Akel
Finalmente retomando as postagens deste blog! Muita coisa aconteceu desde a última vez que publiquei aqui; de viagens de trabalho a perdas na família, um verdadeiro turbilhão de fatos, de modo que tudo arrastou bem mais do que eu imaginava a continuação desta série sobre a FLIP. Mas é preciso seguir em frente, continuar, o blog não pode parar. Então vamos lá.
Para esta terceira e última parte do post dedicado às mesas que assistimos, durante nossa passada pela FLIP, a Festa Literária Internacional de Paraty, destaco mais algumas mesas relevantes, com autores que estava esperando, e também algumas surpresas não planejadas. Como de costume, algumas das muitas fotos que fiz permeiam o texto, para dar uma melhor dimensão de tudo. Sigo ainda mantendo a continuidade, ou seja, todos os fatos que narro aqui, aconteceram logo depois dos do post anterior da série.
MESA: DO ANGU AO KAOS
Ao deixarmos as zonas das tendas, após a mesa De micróbios e Soldados, fomos caminhar pela orla de uma praia que havia pertinho dali, a praia do Pontal, a poucos passos além do local onde estava concentrada a Flip. Era interessante também, além de aproveitar a festa literária, conhecer um pouco a cidade e suas imediações, pelo menos aquelas mais perto de nós, uma vez que o tempo era apertado. De lá, voltamos à pousada, nos preparar para voltar à tenda logo mais à noite. Nesse meio tempo, outras mesas aconteceram por lá, mas como eu bem disse ao longo dos posts anteriores, era praticamente impossível acompanhar tudo. Assim, tornamos a tempo de assistir à mesa Do Angu ao Kaos, que trouxe Marcelino Freire e Jorge Mautner.
Um dos autores que eu mais conhecia do quadro de convidados desta edição, o pernambucano Marcelino Freire seria um dos destaques desta última mesa do dia, que segundo Paulo Werneck, curador da Flip, ocupava a faixa boêmia da programação, proibida para menores, no horário das 21:30. Chegamos às proximidades do telão por volta desse horário, já encontrando boa parte das cadeiras ocupadas. Como em todas as noites, fazia um friozinho considerável, que nos motivava sempre a usar agasalhos. Conseguimos alguns lugares muito atrás do telão, quase no limite das cadeiras de plástico. Era mais uma vez incrível ver tanto movimento, tantas pessoas tão características, parecia quase que estávamos em outro país.
Marcelino Freire lê seu conto "Da paz" |
Marcelino falou, entre tantos assuntos, de seu livro Angu de Sangue, que completou 15 anos em 2015, de suas origens como escritor e inspirações para escrever. Sempre com sua oratória forte, densa, contracenou com Jorge Mautner uma mesa de temas distintos e característicos, como a crise no país, política, neurociência e até de Roberto Saviano, escritor italiano apresentado como o maior destaque desta edição da Flip, que cancelou de última hora a vinda ao Brasil."[Roberto] Saviano disse que não veio porque o Brasil é um país arriscado. As pessoas aqui queriam abraçá-lo e beijá-lo. Não veio, problema dele!", disse o escritor pernambucano.
Eu escrevo para me vingar – Marcelino Freire
Dita novamente na mesa, gosto muito do impacto da frase acima, uma das mais tradicionais de Marcelino, que demonstra que a escrita pode e deve ser usada como ferramenta de indignação, como forma de protesto, um protesto que começa silencioso, mas que ecoa alto. Um ideal poderoso, firme, uma não conformidade, um desvio. Sim, acho que já se pode ter uma ideia do que seria esse tipo de vingança. Um dos momentos mais significativos, para mim, foi a leitura de seu conto "Da paz". Ainda não o tinha lido ou escutado, e ouvir antes de tudo a história de sua concepção da boca do próprio autor foi muito especial.
O vídeo abaixo, de uma entrevista de 2014, transmite um pouco o que digo.
O áudio na íntegra da mesa Do Angu ao Kaos pode ser ouvido aqui.
ROBERTO BRESSANE NA CASA SESC
Sábado, 04 de julho, penúltimo dia da Flip. O dia mais "temido", por todos dizerem ser o dia de maior movimento, e de fato, a quantidade de pessoas na cidade, no centro histórico, praticamente triplicara em relação aos primeiros dias. Centenas e mais centenas cruzavam as ruelas, aventuram-se pelas pedras traiçoeiras e se encantavam com toda aquela atmosfera criada pelo evento. Acordamos cedo, para aproveitar bem o dia, que prometia ser bastante longo. Tomamos um generoso café da manhã, e nas mesas vizinhas o clima era só literatura. Os demais hóspedes falavam de Herman Hesse, Sidarta Gautama, o Buda e da obra o Lobo da Estepe. Eram assuntos comuns ali, como o capítulo da novela ou o resultado do futebol.
Durante a Flip, o jornal O Globo publicou alguns pequenos cadernos diários sobre o evento, e felizmente nossa pousada sempre dispunha de um desses logo cedinho. Foi assim que durante este mesmo café da manhã, nos deparamos com uma matéria, sobre palestra do escritor Roberto Bressane. Ainda não tinha ideia de quem era Bressane, mas à medida que fui lendo, me interessei de imediato. Segundo a matéria, o escritor, que tinha passado por um período de três meses morando em Paraty (fruto de um prêmio de residência literária do SESC), explorou um outro lado da cidade, saindo do glamour do centro histórico e vivendo a realidade dos bairros mais humildes e desfavorecidos.
Era sem dúvida muito relevante ter consciência deste outro lado da Flip, de uma realidade sempre presente na cidade, mas oculta pelos holofotes da festa literária. Assim, fiquei muito curioso para ouvir o que Bressane diria, uma vez que ele tinha se inspirado nas pequenas histórias do dia-a-dia, na observação da cidade, para concluir seu livro. Seria um prato cheio para mim, que também tenho buscado muito este tipo de observação, quando escrevo. Assim, deixamos a pousada já com a garantia de que o dia começaria bem agitado.
Passamos rapidamente pela tenda dos autores, dando uma paradinha no telão, onde naquele momento acontecia a mesa Turistas Aprendizes, que até parecia boa, mas resolvemos priorizar a fala de Bressane, e tornamos na direção da Casa Sesc. Foi um pouco difícil nos orientarmos, pois ainda tínhamos ido pouco ali, mas nada que uma olhadela no mapa não resolvesse. Chegando diante do lugar, fomos surpreendidos por algumas pessoas do lado de fora, e ao tentar entrar, nos informaram que o local já estava com lotação máxima, restando esperar naquela fila para caso alguém saísse. A fala parecia já ter começado, pois ouvi uma voz ecoando no interior da casa, e vi de relance dezenas de pessoas lá dentro. Funcionários do SESC explicaram que aquele local era mesmo pequeno, com capacidade para poucas pessoas, e que uma nova sede estava em construção, lá mesmo no centro histórico. Ficamos de mãos atadas, e não tivemos escolha a não ser aguardar na fila. Eles nos deram ainda alguns brindes, e tornamos então a ela.
Fiquei um pouco chateado por não conseguir entrar. Aquela palestra era um dos diferencias do ato de se estar na Flip, em comparação a apenas acompanhá-la pela internet. Provavelmente não a teria disponível online depois, era uma coisa de momento, daquele momento tão somente. Mas como eu bem sabia desde quando vi a extensa programação pela primeira vez, seria mesmo muito difícil conseguir assistir a tudo o que gostasse. Ainda ficamos uns minutos na fila, na esperança de que haveria ainda oportunidade, tal como aconteceu na palestra de Luiz Ruffato e João Carrascozza, na qual entramos quase no último instante. Mas dessa vez, havia já várias pessoas na nossa frente. O desejo de ouvir Roberto Bressane foi então se diluindo. Entreouvimos as pessoas comentando que era a primeira vez que acontecia aquilo, de lotar o espaço, e percebemos que todos estavam indignados. "Todo mundo tem um argumento plausível para querer entrar", disse uma moça na fila, dando a entender que ninguém deveria ter mais prioridade que ninguém, demonstrando estar talvez até insatisfeita com a fila em si. Após uns minutos, nos quais não vimos nenhuma das pessoas ali fora ser chamada, decidimos ir embora.
A matéria completa publicada no jornal pode ser lida aqui.
Foi no caminho de volta, na mesma reta, a poucos metros dali, que acabamos por descobrir, porém, uma outra programação, que estava longe de estar planejada, mas que surgiu como excelente surpresa, para preencher aquele vazio momentâneo.
MESA - DUPLA AUTORIA: ESCREVER E ILUSTRAR O LIVRO INFANTIL (CASA ROCCO)
Na mesma rua do Sesc, encontramos este espaço que até então não tínhamos visitado ainda, a Casa Rocco. Nos aproximamos, curiosos, e vimos logo à entrada um cavalete que destacava a programação que haveria ali, quase como um cardápio de restaurante. Olhamos então a variedade dos "pratos" oferecidos. Ali haveria, ainda, uma outra palestra que me interessava, com Frei Betto, escritor e frade dominicano brasileiro, reconhecido por suas obras com enfoco no ativismo social, além de inúmeras obras literárias. A palestra seria nesse dia, sábado, mas não me recordava bem a hora. Por alguma razão, acho que uma confusão nos horários, acreditei ser naquela hora, 11 da manhã, e entramos. Pensei "perdi uma mas pelo menos encontrei outra igualmente boa".
O local era uma estrutura similar ao da Casa Folha, ou seja, um amplo casarão do centro histórico, com seus janelões e decoração tradicional, que abrigaria as palestras dos autores da Rocco, bem como a venda de seus livros. O salão principal estava disposto de dezenas de bancos, cadeiras e almofadas, onde logo todos que chegavam começaram a se sentar. Ficamos observando o ambiente, à expectativa do início da conversa. Apesar de ter alguns livros de Frei Betto, eu ainda nunca o tinha visto, de modo que não sabia se ele já estava ali ou se ainda era esperado. Acabamos por ficar em pé mesmo, nestes momentos iniciais. O lugar encheu rapidamente e logo não havia mais onde sentar. E nem sinal de Frei Betto.
Surgiram então duas pessoas, um rapaz e uma moça, bem sorridentes, e logo tomaram os lugares centrais, em frente a uma mesinha onde havia uma pilha de livros. Naquele momento tive a certeza de que não seria a palestra de Frei Betto. Estavam ali Paula Browne e Alexandre Rampazo, dois autores, dois ilustradores. O frade dominicano, como informaram na hora, teria sua palestra somente às 17h. Aquela portanto seria a mesa Dupla Autoria: escrever e ilustrar o livro infantil. Como já estávamos ali, e percebendo o aparente potencial do vindouro debate, decidimos ficar.
Paula e Alexandre conversaram, mediados pela também escritora Manon Bourgeade. Falaram sobre suas experiências como autores e ilustradores de livros infantis, trazendo à tona referências, vivências, memórias e diretrizes sobre seus processos criativos. Uma conversa agradável, em tom informal, com um público atento e interessado. Debrucei-me sobre meu celular para tomar notas do que conseguisse. Seguem algumas dessas colocações:
O texto e a imagem são o mote da história. Tudo vem muito do diálogo, da criança, do adulto, todos têm tiradas ótimas. Mas muito também vem da imagem. – Paula
A zebra tem um forte mote visual – Paula
O infantil é menos rígido, te permite liberdades, como pôr asas de borboleta numa camisa sem que a criança se sinta boba, pois tudo é lúdico para ela – Paula
Antes de começar a trabalhar, varro a casa e lavo a louça. Uma professora das belas artes dizia: fique atento aos ruídos. A louça diz muita coisa. Fiz um pinóquio por acaso com uma xícara e caneta. A imagem te alimenta muito, na autoria. Um exercício criativo: pegue objetos inusitados, como um pegador e uma chave de fenda e crie uma história onde eles se relacionem – Alexandre
Não lembro o primeiro livro que li, lembro de imagens, de uma página colorida, de três cores – Paula
Ao falarem sobre referências e primeiras leituras, Alexandre citou o livro Cadeiras Proibidas, do escritor paulista Ignácio de Loyola Brandão (um de meus autores favoritos, aliás), como um livro que o surpreendeu, por sua ampla densidade imaginativa. Achei muito legal eles mencionarem livros que os marcaram, é sempre bom conhecer referências, o que despertaram, despertam e despertarão. Ainda não li o livro citado mas desde este momento me interessei por ele.
Imagem: Google |
Quando terminei de ler Cadeiras Proibidas pensei: dá pra escrever desse jeito. Uma literatura que me pegou muito pelo seu caráter absurdo. Daqui conheci mais esse mundo fantástico, na minha infância. O repertório que te alimenta logo mais vai fazer parte da sua obra. – Alexandre
O brincar de boneca te permite um exercício do imaginário. São as primeiras histórias que criamos, sem nos darmos conta. É isso que se faz quando se cria uma história. – Paula
Deve-se fazer uma pergunta a quem quer ilustrar: o que você quer ilustrar? Por quê? Qualquer um pode ilustrar, não há limitação. É preciso, além de tudo, aprender a desaprender – Paula
A ideia do livro infantil pode gerar reflexão tanto para a criança como para o adulto, criar um canal entre os dois públicos. – Paula
Não tenho interesse de escrever para adulto. Gosto de todo o jogo que o livro infantil permite. É legal pensar que o público infantil passa pelo público adulto e que esse público também precisa imensamente desse gênero. – Paula
A sensação de ficar perdido numa livraria, em meio a tantas lombadas de livros: uma sensação de estar perdido, já há tanta coisa feita. Livros de criança ou adolescente para mim são simplesmente livros, temos que fugir dessas limitações. Não há medidas de certo e errado, é pra criança ou não, pra mim o que funciona é a história. Uma história que te encante, pode ser Ulisses ou Harry Potter. – Alexandre
Não existe preconceito. Não se deve pegar um lindo livro ilustrado e limitá-lo às crianças. – Alexandre
Público em peso lotou as dependências da Casa Rocco |
O não saber ilustrar é relativo. O livro já está ilustrado na sua cabeça – Alexandre
Um ilustrador é um co-autor, ele não vai somente ilustrar. A leitura do ilustrador é de co-autor, ele vai dar sua visão para o texto, que pode diferir totalmente do texto. – Alexandre
Na hora de ilustrar, muita coisa muda, o texto muda a imagem, a imagem muda o texto. Quando se é autor e ilustrador ao mesmo tempo, tudo é variável. – Paula
Como autor, é preciso entender o perfil do seu texto para ver qual editora melhor o aceitará – Alexandre
Alexandre citou o artista francês Moebius como uma de suas principais referências visuais |
Se preocupe em escrever uma boa história, a sua melhor história, independente de quem for ler. – Alexandre
Acredite na sua verdade, faça o melhor mas não se desconecte do mundo, do mercado, de como isso se conectará às pessoas. – Paula
Os livros europeus trazem o nome do autor e do ilustrador. Nos brasileiros, isso dificilmente se vê, apenas o autor do texto. Está errado, o ilustrador é co-autor da história. – Alexandre
Após pouco mais de uma hora, o bate-papo chegou ao fim, sob aplausos sorridentes. Uma conversa muita rica, múltipla, na qual descobrimos esses dois talentosos artistas, cujas obras refletem suas inventividades criativas. Conseguimos ainda trocar umas palavras com Paula, que nos foi muito simpática e acessível. Elogiamos seu trabalho e ganhamos alguns adesivos de seus personagens. Demos uma breve olhada nos livros de ambos e então deixamos o lugar, satisfeitos. E pensar que esse momento estava longe de ser planejado, surgiu assim de um acaso, da troca dos horários da palestra de Frei Betto, para se tornar um dos momentos mais agradáveis do dia! É como disse ao longo dos textos anteriores, devemos estar abertos ao inesperado, ao que surge sem programar, às surpresas que a vida nos reserva, sempre.
ALGUMAS OUTRAS MESAS DESSE DIA
À tarde, fomos acompanhar um pouco das mesas no telão do lado de fora da Tenda dos Autores. A movimentação de pessoas era assombrosa. Era um sábado de muito frio, chegando até a chover um pouco, o que em nada atrapalhou o andamento da festa – pelo contrário, lhe deu um ar ainda mais agradável. Vimos um bom pedaço da mesa De balões e blasfêmias, focada em HQs, que trazia os cartunistas franceses Riad Sattouf, Plantu e o brasileiro Rafa Campos. Diego, meu irmão, estava curioso para conferir o trabalho do brasileiro, e de quebra conhecer um pouco dos franceses, assim, assistimos de lá de fora, sem os fones de ouvido mesmo (era possível usá-los ali, mas não quisemos), de modo que aproveitei para treinar meu francês.
Guarda-chuvas desabrocharam na plateia do lado de fora da tenda |
Jean Plantureux, o Plantu, foi sem duvida um dos destaques da mesa. O artista falou sobretudo de maneiras para que a arte possa contornar a intolerância, focando os incidentes do Charlie Hebdo. Citou a Cartooning for Peace, grupo que ajudou a fundar para dar proteção a cartunistas, bem como visar um melhor entendimento entre diferentes culturas e credos. Plantu ainda arranjou tempo para fazer caricaturas de seus colegas de mesa enquanto conversava, o que deu um tom bem próprio à discussão.
Conhecemos ainda um pouco da obra O Árabe do Futuro, de Riad Sauttof, que falou também das origens e referências deste trabalho, que é além de tudo uma obra autobiográfica. Com um traço simples e leve e uso de cores chapadas e contrastantes ao longo dos capítulos, Riad conta sua história de vida, de sua infância, de quando viajou com os pais da França à Líbia, de uma maneira profunda e ao mesmo tempo bem humorada.
O Árabe do Futuro/ Imagem: Google |
Quanto a Rafa Campos, este ficou um pouco apagado, achamos sua participação um pouco aquém, com pouca presença, e uma obra que parecia não ter uma identidade. O cartunista falou pouco, comentando a respeito de religiões e ideologias, que foi invariavelmente o tema central da mesa.
O aúdio na íntegra da mesa De balões e blasfêmias pode ser ouvido aqui.
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Já no período da noite, acompanhamos a mesa Desperdiçando Verso, com Arnaldo Antunes e Karina Buhr, um debate que incendiou leituras vigorosas no palco. A mesa focou temas como o feminismo com muito bom humor, graças às risadas de Karina. Arnaldo leu trechos de seu livro Agora Aqui Ninguém Precisa De Si, sendo muito aplaudido. Karina também declamou poesias. No fim, Arnaldo convocou a plateia para todos cantarem versos de seu novo livro.
Acho que a poesia é um veículo de resistência à estagnação da sensibilidade – Arnaldo Antunes
Foi uma mesa bem interessante, mas um pouco espalhafatosa demais. Extremamente lotada, ficamos o tempo todo de pé. Além de poetas e autores, estavam ali sobretudo dois astros da música, razão pela qual deve ter havido tanta lotação. Mesmo faltando meia hora para o final, já havia gente formando a fila dos autógrafos! Isso me fez pensar: teria "vantagem" quem estava ali fora, com relação a quem estava dentro da tenda, podendo assim ficar melhor colocado na fila?
O aúdio na íntegra da mesa Desperdiçando Verso pode ser ouvido aqui.
Lotação máxima na última mesa do dia. Arnaldo Antunes e Karina Buhr foram os destaques |
CASA SESC – A IMAGEM QUE CONTA – ROGER MELLO, LOURENÇO MUTARELLI
E nasceu o sol do último dia da Flip 2015, 5 de julho, um domingo. Foi incrível como tudo passou tão rápido, e ao mesmo tempo pareceu durar tanto. Para esse último dia de festa, programamos poucas coisas, para que pudéssemos usufruir mais livremente da cidade e seus encantos, ainda dentro do clima do evento. Uma coisa muito importante também era dormir, e nos permitimos algumas horas a mais, uma vez que a primeira palestra seria apenas às 11h.
Nosso interesse maior na palestra vindoura era a presença do escritor e ilustrador Lourenço Mutarelli, o qual admiramos bastante, por conseguir passear por várias áreas artísticas, num desdobramento gracioso, mantendo ideais e estilos, ante as ferramentas que cada linguagem lhe fornece. Seja nos desenhos, nos livros e até como ator, Mutarelli parece extrair muito bem do meio onde está, dedicando-se integralmente a ele. Eu não tinha ideia de que ele estaria na Flip, foi mais uma das boas surpresas que descobrimos, ainda nos primeiros dias, enquanto folheávamos e marcávamos os muitos folhetos que tinhamos recebido. Era um encontro que certamente queríamos acompanhar.
Havia, claro, o risco de não conseguirmos entrar de novo, de o local já estar cheio, ainda mais com tanta gente na cidade, mas arriscamos, quem sabe o que mais não poderia acontecer. No trajeto até o SESC, pudemos ver uma movimentação já bem acentuada nas ruelas do centro histórico, bem mais do que qualquer outro dia naquele horário. O último dia da Flip traria o auge de público, milhares de pessoas, espalhadas em todas as programações da festa. Chegamos com alguns minutos de antecedência, e dessa vez conseguimos adentrar o casarão, mas dezenas de outras pessoas já tinham feito isso antes de nós, e vimos já praticamente todas as cadeiras e espaços dedicados ao público ocupados, pelos menos os que ficavam próximo ao pequeno palco destinado ao debate.
O local era claramente improvisado. Disseram novamente, como nos falaram na entrada da mesa de Roberto Bressane, no dia anterior, que um novo SESC estava sendo construído, que ali estava sendo mesmo algo adaptado, uma vez que a pequena infra estrutura não fazia frente às muitas pessoas que certamente apareceriam.
Umas quinze ou vinte cadeiras estavam dispostas à frente do palco, todas ocupadas. Ao lado, havia uma ala aberta do prédio, que dava para um espaço arborizado, no qual foi montada uma espécie de livraria, com livros dos autores que passariam por ali, ao longo de todo o período da Flip. E felizmente neste espaço, onde havia um café, havia também alguns bancos e cadeiras, que logo foram usados como assentos extras pelo público da palestra. Nós chegamos bem a tempo de garantir dois, e nos apertamos junto aos demais, que se esforçavam para ver a palestra através das janelas.
Além de Lourenço Mutarelli, a conversa se daria também entre os artistas visuais Roger Mello e Joana Cesar. O trio já estava prestes a iniciar os temas, quando Joana sentiu-se mal e teve de deixar seu lugar, definitivamente. Restou portanto conduzir o debate sem ela, apenas com Lourenço e Roger. O foco da palestra seria o uso da linguagem visual, como dizer algo através de imagens, partindo das obras e pontos de vistas dos autores convidados. Como eles enxergavam o mundo? Como fluíam suas ideias? Até que ponto seus traços podiam expressar mais do que palavras?
Mutarelli e Roger revezaram declarações, falando de suas rotinas, seus pensamentos, sua relação com a imagem. De onde estávamos mal conseguíamos vê-los. De quando em quando ambos mostravam desenhos no que imaginamos ser uma enorme televisão no alto da parede, pois para nós só chegava uma imagem embaçada e entrecortada pelos padrões da janela. Em suma, era uma mesa sobre a imagem, na qual, ironicamente, não tivemos quase imagem nenhuma. Felizmente o som dos microfones e a acústica estavam bons, e foi possível pegar um pouco da essência do que foi dito. Não lembro o nome do mediador (não consta no folheto de programação) mas fez uma ótima mediação. Abaixo um pouco do que consegui extrair da conversa:
Desenho para mim é meio sem elaboração. Separo um pouco a escrita do desenho, quando estou escrevendo, não desenho – Mutarelli
O macaco é um símbolo muito importante da minha vida – Mutarelli
Criança gosta de ter medo – Roger
Rosto, cabeça, orelha... as partes do livro são também partes do corpo humano, como se o livro desejasse ser humano – Roger
Ilustrador e artista plástico são coisas bem diferentes. O ilustrador não tem muito tempo, sempre precisa enviar seu trabalho. O artista plástico pode estudar uma parede por meses – Mutarelli
Adoro a palavra rabisco, dizem para não usá-la, mas adoro – Roger
O rabisco é uma forma de pensamento – Mutarelli
A viagem é a possibilidade de você fazer anotações, principalmente no aeroporto. É um lugar onde tudo está em movimento – Roger
A arte não é amiga ou fã da beleza, e sim da estranheza, da provocação – Roger
O Brasil é um país de imagem, mas de imagem viciada, as pessoas estão viciadas. Temos que prestar mais atenção às imagens, conhecer melhor museus e principalmente crianças, pois elas já têm uma visão mais ampla da imagem, e os adultos as reprimem. – Roger
Marcelino Freire juntou-se ao público, e mal entrou deu sorte de encontrar um banco vazio. Sentou-se. Logo percebendo o calor, tirou o casaco. Quando uma cadeira vagou, à sua frente, mudou-se de imediato para ela. E o mesmo se repetiu, quando a cadeira à frente dessa ficou livre. Logo ele estava bem diante do parapeito da janela, e imaginei que se pudesse, pegaria ainda a próxima cadeira, janela adentro, caso essa também liberasse. Contudo, agora ele parecia mais preocupado em folhear as páginas de um jornal, lendo notícias da Flip.
Respeito a criança quando desenho, faço sobretudo pensando em mim, mas eles gostam de medo, de terror. – Roger
Com o fim desta mesa, demos mais uma andada pelo centro histórico, apinhado de gente. Lojas, pousadas, bares, tudo cheio, caótico. Era hora do almoço, e rodamos bastante até conseguir achar um lugar tranquilo, e razoavelmente barato, para comer. Tínhamos tempo, nosso próximo compromisso seria somente às 16h, no encerramento da Flip, na mesa Livro de Cabeceira. Aproveitamos ainda para visitar algumas lojas de artesanato e espaços como a Casa Folha, que fechariam mais cedo nesse dia.
Ruas do centro histórico de Paraty, nos últimos dias da Flip 2015 |
MESA: LIVRO DE CABECEIRA
A última mesa da Flip. Fiz questão de incluí-la em nossa programação – para assistir de dentro da tenda dos autores –, ainda no primeiro dia em que compramos os ingressos, pois sua tradição a fazia, na minha concepção, uma mesa obrigatória para uma primeira experiência do evento. A mesa Livro de Cabeceira é um segmento bem tradicional da Flip. Nela, parte do elenco de autores convidados se reúne para compartilhar seus livros preferidos, lendo-os diretamente para o público; uma maneira de conhecer um pouco mais dos autores, e ainda uma oportunidade de interagir com Liz Calder, a inglesa criadora da Flip, que comumente faz a mediação desse encontro.
Sabia, como já disse várias vezes aqui, que não conseguiria acompanhar toda a programação da tenda principal, como fazia em casa (pela internet), por conta da gigantesca programação paralela com a qual nos deparamos tão logo chegamos à Paraty, então imaginei que esta mesa seria uma chance de observar escritores cujas mesas centrais não tínhamos visto, como o queniano Ngũgĩ wa Thiong'o e o irlandês Cólm Tóibín.
Intensa movimentação minutos antes da última mesa da Flip 2015. A diversidade de pessoas era cada vez maior. |
Quando chegamos já havia uma fila considerável formada, claro, e logo a adentramos. Dentro da tenda, procuramos lugares mais próximos ao palco. Desta vez, diferente da mesa Micróbios, eu não registraria nada no momento, me limitando mais a apreciá-lo, a vivência em si, e não abri caderno ou celular. A experiência de entrar na tenda também já não impressionava tanto como no início, onde subir aqueles degraus e procurar uma cadeira parecia quase um ritual sagrado. Desmistificado, era tão somente um auditório, eu agora já percebia, sem toda a carga de ansiedade do início do evento.
Dezenas de pessoas lotavam os arredores da tenda central |
Os fones de ouvido, sabia que seriam uma das coisas que mais me chamariam a atenção, nesta mesa. A princípio, usá-los, brincar entre os canais tradutores, ouvir em inglês, espanhol, francês, tudo isso foi divertido e inovador, para quem estava acostumado a fazê-lo apenas com um clique do mouse. Contudo, quando se tratava de funcionalidade, vi que os fones não eram bem o que eu esperava: em nenhuma das três vezes que estive na tenda consegui aumentar o volume do áudio. O botão parecia solto, dançando de um lado para outro, evitando meu dedo. Havia ainda muita interferência, mas o pior mesmo era o estado dos fones: muitos estavam danificados, desgastados, e davam a entender que a produção não os testava entre uma mesa e outra (ou talvez entre um dia e outro). Sei que são muitos, mas é um detalhe importante.
De imediato, me chamou a atenção também as inúmeras poltronas dispostas no palco, meio separadas por cores. O público começou a tomar seus lugares. Sentamos meio à esquerda do centro, e observando o grupo de poltronas coloridas à frente, imaginei que Liz Calder sentaria numa que parecia mais à esquerda, um pouco separada das demais, para assim mediar aquele encontro. Logo surgiu novamente Paulo Werneck, curador do evento, apresentando a mesa e alguns dados estatísticos desta edição. Ele disse ainda que haveria uma menção ao escritor Roberto Saviano, que não estava presente, ao final da mesa, para fechar a Flip com chave de ouro. Em seguida, chamou ao palco Liz Calder. A inglesa agradeceu a todos por mais aquela edição da festa literária e chamou os oitos escritores que logo preencheram as demais poltronas ao seu lado, eram eles: Ayelet Waldman, Cólm Tóibín, Diego Vecchio, Carlos Augusto Calil, Marcelino Freire, Ngũgĩ wa Thiong'o, Matilde Campilho e Richard Flanagan.
Os autores então começaram suas leituras. Esta mesa sempre me deixa curioso para saber o que cada um deles lerá, qual obra, qual autor consideram importante para destacar neste desfecho. Desta vez, entre eles, ouviu-se Virginia Woolf, James Joyce, Flaubert, Samuel Beckett e até o próprio Mário de Andrade, o autor homenageado desta Flip.
Foi muito bom ver a bela interação entre todos que compunham a mesa. Todos únicos, diferentes, mas ao mesmo tempo iguais. Apesar de não falarem a mesma língua, falavam literatura, e esse espírito os unia. É difícil de tentar explicar, mas ver aquela cena, com Marcelino Freire ao lado do escritor queniano, dois comportamentos distintos, mas que de alguma maneira se completavam, foi muito profundo.
O australiano Richard Flanagan embala o público com Guimarães Rosa |
Mais do que prestar atenção propriamente ao que cada um lia, preferi focar nessa curiosa simbiose cultural. A maneira específica com que liam, com que ouviam, o modo como colocavam o fone de ouvido, tudo era fascinante de se observar. Todos esses detalhes eu provavelmente já pudesse observar de casa, da tela do computador, mas estar ali, diante dos fatos, sem dúvida fez a diferença. Era possível sentir aquela vibração, os movimentos, as expressões, tudo, que também acabava por convergir para o encerramento da festa. Mesmo tendo perdido todas as mesas na tenda central deste último dia, esta última foi uma grata compensação, uma excelente forma de ter uma visão geral, pelo menos daqueles autores.
O queniano Ngũgĩ lê George Lamming |
Um dos momentos mais comentados da mesa foi a leitura feita por Marcelino Freire, que declamou um poema da moçambicana Noémia de Sousa, falecida em 2002, ainda pouco conhecida aqui no Brasil. O texto Súplica faz parte do único livro publicado por ela em vida, Sangue Negro. Marcelino, com sua habitual graça oratória, encantou a todos, arrancando efusivos aplausos do público e comentários dos colegas ao seu lado. Esta leitura despertou a atenção para a poetisa, que segundo Marcelino pode ser considerada a mãe dos poetas moçambicanos.
Para alguns, a mesa Livro de Cabeceira talvez não pareça ter tanta relevância quanto as demais mesas da tenda central, por ela não ter exatamente um tema base ou uma linha de diálogo tradicional, e ser "apenas" uma série de leituras sucessivas. A meu ver, contudo, o encanto desta mesa é justamente por não ter compromisso claro, por ser quase uma hora de relaxamento. Os autores que dela participam já tiveram seus momentos, e estão quase como num recreio, onde terão apenas de fazer algo que para eles é um grande prazer: ler. E prazer maior ainda quando o fazem em voz alta, partilhando aquele livro, aquela leitura que lhes é tão especial. É como conhecê-los um pouco mais, descobrir seus receios, suas virtudes, seus reflexos através daquelas palavras. O brilho da mesa Livro de Cabeceira vai muito além de "apenas" leituras sucessivas.
OBSERVAÇÕES PARALELAS (DESTA MESA)
Bem ao meu lado, sentaram-se uma moça e um rapaz, um casal, talvez. Eles pareciam muito interessados. Ela manteve um bloquinho de anotações no colo durante todo o debate, e bastava os autores mencionarem o título da obra que leriam, ela (ou ele) os anotavam com imediata avidez, como números de um sorteio milionário. Engraçado é que ambos usavam lápis.
Essa mesma dupla, antes da mesa iniciar, conversava bastante e, como não poderia ser diferente, uma conversa muito rica, sobre livros, obras literárias. A princípio, essas conversas paralelas eram fascinantes mas reconheço que a essa altura elas já ficavam um pouco maçantes e repetitivas, quase como se todo mundo tivesse o tempo todo que provar que sabe algo, ou mais do que o outro.
Próximo ao final, esta mesma moça empunhou o celular, e abriu o Twitter. Ela escreveu algo relacionado à Flip, mais ou menos: "Última mesa da Flip, livro de cabeceira, sensacional. Paulo Werneck arrasou mais uma vez!" e publicou na rede social. Percebi então que ela estava acompanhando a Flip com muita vontade, realmente entregue ao evento, vibrando e deixando bem clara sua vibração. Aplaudiu tão vivamente ao fim da mesa, que chegou a ficar de pé enquanto batia palmas.
Autores se despedem da Flip 2015 |
MENÇÃO A ROBERTO SAVIANO
Considerado pela mídia como o maior destaque e ao mesmo tempo maior desfalque desta edição da Flip, o escritor italiano Roberto Saviano acabou tendo de cancelar sua participação no evento por questões de segurança. O autor do livro Gomorra está jurado de morte há anos pela máfia italiana. Suas obras expõe conexões da máfia e rastros do tráfico de cocaína mundo afora. Salviano disse que vir ao Brasil seria muito arriscado. "O Brasil é uma situação complexa. Espero que possa ir para lá. Mas é considerado um lugar mais arriscado que o Reino Unido, por exemplo", disse o escritor, numa entrevista sobre o cancelamento de sua participação.
No fim da mesa Livro de Cabeceira, um vídeo do escritor Roberto Saviano foi exibido. Nele, o autor lamentou não poder estar na Flip e explicou as questões políticas que o impossibilitaram, bem como diferenças entre máfia e crime organizado, dando ainda uma alerta para a situação do Brasil, onde diz haver uma máfia brasileira. Com palavras bem dosadas e inúmeros trejeitos com as mãos, Saviano expressou bem o objetivo, a importância e ao mesmo tempo o risco de seu trabalho, de se escrever sobre esses temas. Ressaltou ainda que gostaria muito de ir à Flip no ano seguinte, ou no próximo, que não desistam de chamá-lo. Exibir aquele vídeo ali, naquele momento foi uma bela iniciativa, sobretudo para dar uma satisfação ao público (A Flip devolveu o valor pago nos ingressos e teve de escalar uma nova mesa, de tema similar, para substituir Saviano).
O vídeo de Saviano tentou explicar sua ausência, mas não pareceu ter sido assim a chave de ouro que se esperava, uma vez que foi pouco aplaudido, mesmo pelos colegas da mesa. Aliás, agora, depois de passados alguns meses, enquanto eu lia e relia alguns conteúdos para escrever este texto, fiquei pensando: por que ele confirmou presença se sabia da dificuldade de se deslocar ao Brasil? Por que criar tanta expectativa em cima de algo incerto? E por que avisar praticamente em cima da hora? Será que uma semana antes do início da festa ele ainda acreditava que poderia vir? O que mudou em tão pouco tempo? Isso o italiano não respondeu. Com certeza não deve ter sido muito ruim ganhar algum destaque na mídia sem sequer ter pisado em Paraty. Começo a pensar que Marcelino Freire está certo, "Não veio, problema dele!".
O vídeo pode ser visto abaixo:
A mesa Livro de Cabeceira pode ser assistida na íntegra aqui.
E VEM O MARACATU!
O público que lotava o interior da tenda irrompeu em aplausos, Paulo Werneck agradeceu ,"Ano que vem estamos todos em Paraty!", encerrou o curador, marcando o fim da mesa. Deixamos a tenda, juntamente com a massa de pessoas. Lá fora já agitava-se outra grande movimentação: uma apresentação de maracatu, a céu aberto, que cativou a todos que por ali estavam, com seu ritmo característico. A manifestação, considerada o show de encerramento, seguiria em procissão pelas ruas do centro histórico, embalando todos no clima de desfecho do festival. Observamos de perto, no início do trajeto, que começou bem ali do lado de fora da tenda. A empolgação de todos, que começavam a dançar, as batidas dos tambores, os brilhos e cores, os muitos flashes que eram disparados, a noite que logo se anunciou. E lá se foi a multidão, acompanhando a música.
Maracatu agitou o fim de tarde do último dia da Flip 2015 |
E assim a Flip 2015 chegou ao fim. Nesta noite, enquanto estávamos jantando nos restaurantes do centro histórico, foi bem comum ver alguns dos escritores transitando por lá, conversando, bebendo, vivendo a intensidade da cidade, desfrutando as horas finais desta grande festa. O irlandês Cólm Toíbín foi um deles, passou por nós numa conversa animada com um amigo. Falavam um inglês gracioso, e o irlandês parecia bem à vontade no chão pedregoso. Sua empolgação era visível na expressão e na voz. Que incrível é poder ver momentos como esse, momentos de tão bela simplicidade, que se sobressaem muitas vezes às tolas formalidades.
Bom, este foi um considerável panorama de algumas das mesas que pudemos assistir. Espero ter conseguido passar um pouco do sabor que foi assistir a cada um desses momentos. A próxima postagem, penúltima dentro da série da Flip 2015, focará nos livros que comprei e deixei de comprar e em outras observações e curiosidades da festa. Até lá!
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