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"O coração que se ganha é o que se dá em troca"Marcelino Freire



terça-feira, 5 de abril de 2011

Dica de leitura: O Pastor



Amigos, falarei agora um pouco sobre uma de minhas leituras mais recentes, O Pastor, uma breve história de autoria do renomado autor Frederick Forsyth.

Não conhecia até então nada muito concreto de Forsyth, só tinha ouvido falar de seu nome, e até comprei um outro livro dele na última bienal do livro daqui, ano passado, mas ainda não cheguei a lê-lo. Aliás, O Pastor mesmo, inclusive, quase comprei também por lá, mas acabei trocando de última hora por outro. Vim a obter o livro mesmo recentemente, em uma de minhas idas às livrarias locais.

Diferente dos últimos livros que tenho comprado, que acabaram involuntariamente indo direto para as estantes, aguardando um momento mais livre para serem lidos, este eu resolvi ler logo de cara, assim que o comprei, e foi sem dúvida uma boa resolução!

De início, um dos primeiros atrativos que achei neste livro foi sua sinopse, que transcrevo na íntegra abaixo:

Noite de Natal de 1957. Um jovem piloto da Royal Air Force recebe a licença para comemorar a data com a família, em Blighty, Reino Unido. Com um luar belíssimo, no céu noturno e gélido da Alemanha, o piloto decola sozinho em seu avião de caça para sobrevoar a costa da Holanda, em direção ao Mar do Norte. Mas uma pane na aeronave muda o rumo do voo. O piloto está perdido no nevoeiro e o avião começa a perder altitude. O rádio não funciona, nem o radar, nem o botão de transmissão, a agulha da bússola gira sem controle. O jovem sabe que morrerá em poucos minutos. Muito suspense aguarda pelo leitor de Forsyth nesta história curta e comovente.

Por este trecho, e pelo subtítulo do livro "O misterioso resgate aéreo na noite de Natal", já se percebe que estamos diante de uma história de alguma forma extraordinária, com algo de inexplicável a acontecer. E é com essa sensação que começamos a percorrer as páginas.

Publicado em 1975, O Pastor pode não ser uma das obras de referência de Frederick Forsyth, como O dia do Chacal ou O Quarto Protocolo, mas é sem dúvida uma ótima maneira de se familiarizar ao estilo do escritor.

Forsyth tem como uma de suas principais características o grande cuidado e atenção aos detalhes, aos elementos que compõe cada cena que narra, de maneira que tudo transborda uma autenticidade incrivelmente precisa.

O escritor foi um dos mais jovens pilotos da Royal Air Force (RAF), servindo do período de 1956 a 1958 (coincidentemente quase o período em que se passa O Pastor). Em seguida, Forsyth tornou-se jornalista, e, como correspondente estrangeiro, ganhou renome cobrindo eventos como a guerra civil na Nigéria. Tudo isto lhe deu grande experiência e profundo conhecimento da política internacional, o que mais tarde viria a preencher muito bem as páginas de seus livros, estreando com o romance O dia do Chacal.

Após a leitura de O Pastor e uma pequena olhada na biografia de Forsyth, percebo que os dias como aviador na RAF também muito inspiraram o escritor, que trouxe parte desta rotina para as páginas do livro.

Sim, como já devem ter percebido, a trama de O Pastor não tem, a princípio, qualquer veia religiosa (pelo menos não do jeito que a maioria esperaria ver, ou do jeito que o subtítulo sugere). O termo "pastor" refere-se a um detalhe próprio da história, mas não direi qual. Leiam!

Esta breve história de Fortsyth trata-se quase de um conto, apesar de suas 108 páginas (que passam incrivelmente rápido, acreditem!). Desde o início acompanhamos a rotina do piloto, sua preparação, seu desejo de chegar em casa para o Natal, até sua angústia quando a aparelhagem começa a enguiçar. Como falei, o cuidado dedicado por Forsyth às cenas as torna tão vivas, tão reais, que chega a ser como se nós estivéssemos a bordo do avião defeituoso, sentindo na pele tudo o que o piloto anseia, à medida que percebe que não terá como se salvar.




O livro traz ainda algumas belas ilustrações, como esta acima, de autoria do artista plástico brasileiro Pedro Meyer Barreto. Todas em preto e branco, visam retratar alguns momentos-chave da trama, com certo ar sombrio e enigmático. Os desenhos casaram muito bem com a atmosfera da história; o traço de Pedro injeta grande autenticidade ao texto de Forsyth, sem parecer nenhuma vez forçado ou obsoleto.

Para trasmitir com ainda mais precisão a situação de seu protagonista, Forsyth também se vale de todo um linguajar aeronáutico, que nos atiça a curiosidade para conhecer melhor esta área. É impressionante como me vi, após a leitura do livro, procurando e pesquisando os modelos de aviões, informações sobre a RAF e os locais sobrevoados na história. Aliás, esse é o grande barato, não só desse livro, mas de qualquer livro que nos faz viajar e sonhar: nos desperta para coisas novas, que talvez nunca fôssemos atrás por espontânea vontade, não é?

Enfim, um ótimo livro para os que gostam de aventura, suspense e mistério. Quem conhece Forsyth, sabe do que falo. Quem não conhece o escritor, como eu não conhecia, é uma boa maneira de começar. O Pastor pode ser achado nas boas livrarias. A edição da editora Best Bolso (Traduzida por A.B. Pinheiro de Lemos) sai por módicos R$12,90.

Bem-vindos a bordo do De Havilland Vampire!

3 comentários:

  1. Legal. A história do livro "O Quarto Protocolo" tem algo haver com computadores?. Fiquei interessado pelo título. No curso de computação os alunos estudam protocolos de redes. Não sei se tem um "link" do livro com a área tecnológica, mas quem sabe ele faz referência a algo do tipo.
    Bom, talvez ele esteja falando de outros protocolos :P.
    Valeu, boa postagem. :)

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  2. Ah, não sei ainda precisamente do que fala "O Quarto Protocolo" mas provavelmente não é bem nessa área.

    Bom, pelo que pesquisei, por alto, a trama usa como pano de funo o tratado nuclear de não-proliferação, de 1968, no qual afirma existirem (dentro do universo do livro) quatro protocolos secretos, sendo o quarto deles o mais vital. Mas não protocolos de rede! São como formulários, ou regulamentos, geralmente ligados a congressos internacionais, com a presença de várias nações.

    Parece ser um livro bem interessante, já vou anotar aqui pra ir atrás! Agora a ideia de protocolos de rede até poderia gerar uma boa trama de suspense, com uma linha bem ágil, sem dúvida (acho que já vi filmes com esse enredo). A palavra "protocolo" tem grande acepção, isso pode ajudar a entremear várias diretrizes em um enredo!

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  3. Muito bom Denis, como sempre aliás! Tive a oportunidade, mais uma vez, de acompanhar a sua descoberta deste livro, que por sinal está entrando na minha lista dos próximos livros a ler (se um dia eu acabar os que estou lendo :P). Abraço meu irmão!

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