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"O coração que se ganha é o que se dá em troca"Marcelino Freire



terça-feira, 17 de agosto de 2010

Anima Mundi 2010 (V - Galeria Animada)


As últimas duas postagens desta série sobre o Anima Mundi 2010 vão ser focadas nos curtas em si, e, para começar, falarei um pouco sobre a sessão Galeria Animada, onde estavam os filmes experimentais, inclusive o Linhas e Espirais, de meu irmão Diego.

Mais uma vez, vou repetir o texto abaixo, uma definição deste espaço do Anima Mundi, que já citei em outras postagens, caso alguém não tenha visto (as palavras são do guia de programação do festival):

Galeria Animada

Mostra de filmes que desafiam e/ou inovam os formatos tradicionais, com experimentações no campo da estética, do roteiro e da percepção da linguagem da animação.

A Galeria Anima Mundi permite ao público a apreciação destas obras em exibições contínuas, num espaço diferenciado com áudio e vídeo de qualidade.

Essa é a proposta da sessão Galeria, que carrega em si uma densidade bastante única, por abranger os trabalhos com visões mais livres, mais soltas. Técnicas variadas foram usadas, como stop-motion, recortes, 2D ou 3D, além de outras bem diferentes. Nenhum dos filmes mostrados participaria da mostra competitiva, é verdade, mas como observei somente depois eles foram os mais exibidos durante todo o festival, por estarem sempre em sessões contínuas.

- O Centro Cultural Correios, em uma das movimentadas tardes do festival.

As exibições aconteceram no CCC (Centro Cultural Correios), bem próximo aos outros locais já citados nas postagens anteriores desta série. Um prédio também em estilo clássico, bastante receptivo e agradável. Lá, além da Galeria, também aconteciam as mostras e exibições das sessões Futuro Animador, em um cinema, onde infelizmente, devido à pressa, só conhecemos através da porta de entrada =/

A passagem para a Galeria ficava bem ao lado. O áudio, como anunciado, era realmente muito bom, e o som saía livremente por fora da sala, que ficava aberta. Os ruídos, muitas vezes desconexos, acabavam chamando mais a atenção das pessoas que circulavam por ali, e elas entravam para ver do que se tratava.

Devo dizer, porém, que a Galeria Animada me decepcionou um pouco. Não pelo conteúdo, que foi belíssimo, como mostrarei ainda nessa postagem, mas pela estrutura da sala. Achávamos, eu e Diego, que cada filme teria uma projeção individual, que pudesse ser quase apreciada como quem aprecia um quadro em uma parede. Pelo que soubemos depois, era assim que os organizadores gostariam de ter feito, mas por alguns contratempos, não foi possível. Então, uma sala de tamanho médio abrigou a Galeria. Uma projeção foi posta no centro, ladeada de proteções contra a luz, e dois bancos largos foram colocados diante dela, encostados na parede. Luzes apagadas, e os filmes iam sendo exibidos, um após o outro, das 11:30 da manhã às 19:30 da noite, sem interrupção.

O problema, a meu ver, é a fraca estrutura da sala para se comportar muitas pessoas. O banco do fundo era rapidamente tomado, e o outro trazia além do assento um certo dilema: atrapalhar as pessoas sentadas atrás, pois não havia desnível no piso para essa compensação. Sei que as galerias são normalmente assim, mas nesse caso, onde se teria que passar várias horas sentado, não deu muito certo. Muita gente se aproximava, espiava a tela por alguns minutos, e saia logo em seguida. Isso também se devia, claro, ao tema dos filmes, que fugiam ao convencional. Mas os interessados tinham que esperar vários minutos em pé, até vagar um lugar no banco da parede. Algumas crianças ainda improvisavam lugares no chão, e assim os filmes iam sendo exibidos.

Um aviso de silêncio ainda podia ser visto à entrada. Mas muitos, a começar pelos próprios seguranças do local, pareciam ignorar essa regra, e passavam para lá e para cá (a sala tinha uma ligação a outra área do prédio) falando alto, sem se importar com quem tentava assistir aos filmes. No geral, ficou bem evidente que o ambiente era meio improvisado, e mesmo assim conseguiu atrair um bom público durante todos os dias, principalmente nos últimos.

Nós bem que tentamos, mas não conseguimos assistir a todos os filmes! Somando-se todos os 21 curtas, resultava mais de 2 horas! Na correria com as outras atividades do Anima Mundi, era difícil achar esse tempo. Assim, íamos lá apenas em breves intervalos, uns 15 ou 30 minutos, para ter uma ideia do que era mostrado. Felizmente, em uma dessas ocasiões, já nos últimos dias, vimos o Linhas ser exibido! A qualidade, segundo Diego estava boa, mas não perfeita, com algumas falhas nas cores. Aproveitei para tirar algumas fotos, e até nos surpreendemos quando vimos outra pessoa, das que lá estavam na hora, também com uma máquina em punho, fotografando!

Seguem algumas das fotos que fiz na exibição que assistimos do Linhas:







E abaixo, uma lista com os 21 filmes exibidos na sessão:


Trois Quatre

Blanc
2010 / França


Shushuka no sampo

Akiko Omi
2010 / Japão


ReSemble

Aaron Thomas
2010 / Estados Unidos


Pipoca

Bruno Mazzilli
2010 / Brasil


Linhas e Espirais

Diego Akel
2010 / Brasil


Improvisação Sobre um Tema Secreto

Juliana Rabello Machado
2010 / Brasil


Unicycle Film

Thomas Hicks
2010 / Reino Unido


Eleven in Motion

Patrick Jenkins; Richard Reeves; Lisa Morse; Pasquale LaMonatgna; Elise Simard; Nick Fox-Gieg; Rick Raxlen; Ellen Besen; Craig Marshall; Steven Woloshen; Félix Dufour-Laperrière; Félix Dufour-Laperrière
2010 / Canadá


Airport Tunnel

Vítor Hugo
2010 / Portugal


Hexaemeron

Marcin Dabrowski
2010 / Polônia


Granica

Eni Brandner
2010 / Áustria


Optical Percussion

Gerd Gockell
2010 / Alemanha; Suiça


Fouding or not Fouding

Youlia Rainous
2010 / França


Je Criais Contre la Vie. Ou Pour Elle

Vergine Keaton
2010 / França


Voyage

Olga Komosko
2010 / Israel


Part Blue

YungSung Song
2010 / Japão


Loom

Salh Diab e Yoni Gueta
2010 / Israel


Deux Regards

Kangmin Kim
2010 / Estados Unidos; Coreia do Sul


o--- ---o

Adrian Garcia
2010 / Estados Unidos


LoopLoop

Patrick Bergeron
2010 / Canadá


Flesh Color

Masahiko Adachi
2010 / Japão



E para finalizar, alguns dos filmes! Vejam!


Trois, quatre - Blanc - França - 3m



Resemble - Aaron Thomas - EUA - 3m 55s



LoopLoop - Patrick Bergeron - Canadá - 5m



Loom - Salh Diab; Yoni Gueta - Israel - 23m


- Um trecho do espetacular Loom, um dos filmes mais longos da sessão, com 23 minutos de duração.


Improvisação sobre um tema secreto - Juliana Rabello Machado - Brasil - 1m 54s



Deux Regards - Kangmin Kim - EUA; Coreia do Sul - 3m




Airport Tunnel - Vítor Hugo - Portugal - 4m 37s



Linhas e Espirais - Diego Akel - Brasil - 2m 16s





Unicycle Film - Thomas Hicks, Reino Unido - 5m 50s

Flesh Color - Masahiko Adachi, Japão - 4m 10s


Apesar de não termos usufruído dessa sessão tanto quanto gostaríamos, foi muito bacana ver filmes como estes lá no Anima Mundi. Um material rico, inspirador, ora inquietante, ora fascinante. Mais legal ainda foi ver o Linhas e Espirais lado a lado com estas grandes produções internacionais. Mais uma experiência gratificante deste grande festival! A ideia desta postagem é fazer com que todos sintam um pouco da atmosfera que foi a Galeria Animada =)

Bom, na próxima postagem da série Anima Mundi 2010 a última vou falar um pouco sobre os demais curtas, das sessões competitivas, exibidos no evento (os que pudemos assistir, é claro), e também sobre os longas. Fiquem de olho!

Veja a parte VI (Exibições), a última dessa série, clicando aqui.

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