Nessa, que será a última postagem da série Anima Mundi, o foco são as animações que foram exibidas, ou melhor, as que conseguimos assistir. Essa é a maior postagem da série!
Quando estávamos na correria do festival, sabíamos que eram muitos os curtas que estavam sendo exibidos, em dezenas de sessões diárias, mas não tínhamos uma ideia de mais ou menos quantos trabalhos faziam parte do Anima Mundi deste ano. Nos últimos dias, porém, fiz uma breve pesquisa em alguns sites e soube que o festival exibiria mais de 450 curtas; destes mais de 100 eram de origem brasileira. Um recorde, um fato memorável, como nunca se viu na história do evento.
Ainda fiz algumas fotos durante as exibições (o pessoal da produção disse depois não ser permitido tirar fotos, ora, mas quase tudo que era exibido ali já estava na internet há tempos...) e para evitar confusões, guardei a câmera permanentemente. Abaixo, o que ainda consegui registrar, momentos específicos de alguns curtas, que refletem bem a personalidade de cada um:
Desse enorme montante, é óbvio que era praticamente impossível assistir a todos, e agora, folheando aqui o catálogo do festival (que pode ser visto aqui), vejo vários trabalhos que não chegamos a assistir, e que parecem espetaculares. Mas para sintetizar, vou mostrar aqui apenas alguns dos que vimos. A seguir, uma "pequena" degustação, com 20 curtas, de sessões misturadas do Anima Mundi. Todos usam técnicas bem variadas, e são uma amostra de como estavam as produções neste ano. Destaque pessoal para os seguintes: Abuela Grillo, Pigeon: Impossible, Der Praezise Peter, mas recomendo assistirem a todos!
Rise Above Plastics (30s) - Aaron Sorenson; Jeremy Boland - EUA/2009
Videogioco a loop experiment (1m 40s) - Donato Sansone - Itália, 2009
Le Noeud Cravate (12m 23s) - Jean-François Lévesque - Canadá/2008
La Dama y la Muerte (8m) - Javier Recio Gracia - Espanha/2009
Pigeon: Impossible (6m 12s) - Lucas Martell - EUA/2009
Zeitwellen (2m 22s) - Evgenia Gostrer - Alemanha/2009
Der Praezise Peter (5m 35s) - Martin Schmidt - Alemanha/2010
The Lighthouse Keeper (3m 15s) - David François, Rony Hotin, Jeremie Moreau, Baptiste Rogron. Gaëlle Thierry, Maïlys Vallade - França/2009
Pust' igraet/Let Him Play (2m 59s) - Yulia Mikushina - Rússia, 2009
After the Rain (4m) - François Vogel - França, 2008
Dame otro Papel (5m45s) - Home de Caramel - Espanha, 2008
Dodudindon (0m 48s) - Lucrèce Andreae, Julien Chheng, Tracy Nowocien, Rémy Schaepman - França, 2009
The Green Effect 'Butterflies' (1m 06s) - Isaac King - Canadá, 2009
Xixi no Banho (0m 45s) - Fernand Sanches - Brasil, 2009
Abuela Grillo (12m42s) - Denis Chapon - Dinamarca, 2010
Conectados (2m 12s) - David Hoffmann - Brasil, 2010
Le Loup Blanc (8m 30s) - Pierre-Luc Granjon - França, 2006
Love & Theft (7m) - Andreas Hykade - Alemanha, 2009
Operatatatata (5m 15s) - Antoine Rota - França, 2009
Un Tour de Manege (3m 32s) - Nicolas Athane, Brice Chevillard, Alexis Liddell, Françoise Losito, Mai Nguyen - França, 2009
Destaco ainda o filme de nosso amigo Marão, Eu queria ser um monstro, que foi premiado em duas categorias. Abaixo, o trailer:
É um filme bacana, o primeiro em stop-motion do Marão, que conta uma história sobre o cotidiano de uma criança com bronquite que quer ser um monstro. Há várias pontas com os já consagrados desenhos à mão de Marão, que dão um brilho especial ao filme. Mas, acho que seu filme anterior, O Anão que virou Gigante, ainda conseguia ter um peso maior, mais completo. Algumas coisinhas em Eu queria ser um monstro soam um pouco estranhas, e ao final fica-se evidente que o filme é mais uma homenagem, uma declaração, feita ao próprio pai do Marão, e que pode se estender à visão de todos que o assistirem, fazendo-nos ver que tudo é mais simples do que imaginamos, e que são as pequenas coisas, os pequenos gestos, que fazem uma vida feliz.
Para finalizar, vou falar um pouco também sobre os longas-metragens que foram exibidos esse ano. Foram três, mas só pudemos assistir a dois:
Mary And Max (1h 32m) - Adam Elliot - Austrália, 2009
Não sabia muito o que esperar desse filme, mas a julgar pelo pôster, seria algo bem interessante. E devo dizer que após mais de uma hora e meia sentado, tinha acabado de assistir a uma das melhores produções animadas dos últimos tempos.
O filme é bastante denso, com uma história muito bem conduzida, que consegue cativar rapidamente. A carga dramática é tanta que em certos momentos até se esquece de que é uma animação. Isso é algo muito interessante, pois transpõe essa tendência de que todo longo animado tem de ser bonitinho, engraçadinho, senão não é bem visto. Mary and max quebra esses conceitos, com uma fotografia bastante desaturada e personagens nada convencionais. Não se sabe ao certo aonde o filme vai nos levar, no seu decorrer, e são muitas as surpresas e reviravoltas ao longo da trama, de modo que se fica quase hipnotizado para saber o seu final.
Já conhecia alguns trabalhos de Adam Elliot, diretor do filme, e as similaridades são bem visíveis, claro, mas talvez aqui ele tenha atingido seu ápice. O filme traz também profundas reflexões acerca de conceitos bem singelos, como a amizade verdadeira, e pode mexer facilmente com nossas emoções. Para ver e rever, sem qualquer dúvida!
Boogie el Aceitoso (1h 22m) - Gustavo Cova - Argentina, 2009
Após a ótima experiência que foi Mary and Max, estava esperando mais uma grande surpresa. Passados os 15 primeiros minutos de Boogie, de fato tive uma surpresa, mas não como imaginava.
Violência. Violência, e mais um pouco de violência. Isso resume o que esperar deste filme. O longa foi baseado em uma HQ de mesmo nome, o que deve explicar o exagero de sangue que é visto na tela, porque não há mais justificativa. Os personagens matam por qualquer razão, e de maneira totalmente exagerada.
A animação usa várias técnicas, mas não surpreende, e tenta passar um ar cômico, que acaba saturando e irritando em certos momentos. Muitas cenas fazem referências a vários filmes famosos, o que faz o filme perder um pouco de sua identidade, além de tornar a história bem fraca e altamente previsível. Também há dezenas de piadinhas, para enaltecer o caráter machão de Boogie, protagonista e "anti-herói" da história, que arrancavam gargalhadas ocasionais do público. Mas o pior mesmo, como disse no início, é a violência gratuita. Tudo bem, estamos falando de uma animação, tudo são cores, claro, mas há limites e bom senso para tudo. Algumas cenas conseguem realmente incomodar, e o choque geral causado pelo filme foi tanto que quando terminou ninguém aplaudiu. Foi a única vez que não vi aplausos na praça animada.
Enfim, o diretor deve ter tido lá suas razões para fazer Boogie desse modo, com certeza voltado inteiramente para a natureza do personagem criado pelo cartunista Roberto Fontanarrosa. E com certeza deve haver muitos que o idolatram, é claro, mas definitivamente não é um filme para qualquer um. É um filme polêmico, que divide opiniões. Acredito ser mais um caso ame-o ou deixe-o. Hum... será? Acho um pouco improvável alguém amar um filme como esse... mas, claro, há gosto para tudo ;)
Bom, e aqui encerro esta postagem, e também o fim desta série sobre o Anima Mundi 2010. Ao longo destas 6 postagens, mostrei um pouco de como foi nossa passada (minha e de meu irmão Diego) pelo Rio de Janeiro, para o festival, com algumas das principais atividades que aconteceram por lá, as surpresas, emoções e vivências que tivemos desta experiência (foi nosso primeiro Anima Mundi) tão engrandecedora. Espero que tenham gostado e, quem não tiver podido ir, se sentido mais perto da magia do Anima Mundi! :)
Abaixo, links para as demais postagem da série:
Mais curtas que foram exibidos no Anima Mundi 2010 podem ser vistos na postagem V - Galeria Animada e no Especial Cordell Barker.
Assisti a todos os curtas - a maioria muito bons - e pra mim o que mais se destacou foi o "Videogioco a loop experiment". Nunca tinha visto nada parecido! Genial! =o
ResponderExcluirDe fato, o "Videogioco" é muito bacana, com uma realização bem original e surpreendente. Já tinha visto antes do Anima Mundi e com certeza é um trabalho facilmente destacável.
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