Postado em: 4 de agosto de 2010
De volta a Fortaleza já há duas semanas, mas ainda com o Anima Mundi e a cidade do Rio de Janeiro fortemente vivos na memória. Passamos uma semana por lá, mas é impressionante como o tempo passou depressa, e ao mesmo tempo parece ter durado um mês ;)
O festival nos tomava quase o dia inteiro, da manhã à noite, em exibições e palestras, que aconteciam no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) e nas áreas adjacentes, como a Praça Animada. Nesta segunda postagem da série Anima Mundi 2010, falarei de minhas impressões do CCBB, bem como de alguns dos eventos que lá aconteceram.
Como falei na postagem anterior, o prédio é um deslumbre por si só. Majestoso, agradável, suntuoso, lembrava quase um templo. Não é à toa que é um dos principais centros culturais do país. Durante o Anima Mundi, o prédio ganha uma roupagem especial, a começar por esses outdoors que podem ser vistos na sua fachada, na foto acima.
Grande parte da programação do Anima Mundi acontece no CCBB. Foi lá que vimos exibições de curtas, nas ótimas salas de cinema, palestras, em salas bastante suntuosas, além de algumas oficinas, onde eram ensinadas técnicas de animação, como Pixilation e massinha, a quem se aventurasse a enfrentar as sempre grandes filas.
- Nas duas fotos acima, visão geral do público que circulava pelo prédio. Abaixo, os espaços onde aconteciam as oficinas, com o movimento intenso dos últimos dias do festival. As pessoas entravam nas filas, eram instruídas pelos monitores e já começavam a produzir animações, gratuitamente. O processo de produção podia ser acompanhado em tempo real em TVs e projeções próximas.
No CCBB, também comprávamos todas as entradas para as sessões, a preços acessíveis (R$3,00 a meia e R$6,00 a inteira). Os ingressos podiam - e deviam, diga-se de passagem - ser comprados com antecedência, para evitar filas. O movimento em todas as exibições era bastante alto, e nos últimos dias do festival as sessões lotavam sem qualquer dificuldade. Era impressionante ver tanta gente interessada. Em uma de nossas passadas pelos saguões, encontramos um dos diretores do festival, o conceituado animador Marcos Magalhães. Diego ainda não o conhecia pessoalmente, e não perdeu a oportunidade do momento ;)
Havia também a Livraria da Travessa, localizada dentro do CCBB, especializada em livros e DVDs voltados para animação e artes visuais. Por conta do Anima Mundi, o movimento era incessante. O material oferecido era muito bom, mas os preços, bastante salgados. No espaço sobre a livraria, um café fino e elegante servia sanduíches, refeições e bebidas. Foi um bom ponto de parada ocasional para nós, entre uma sessão e outra, quando tínhamos tempo!
- Detalhe da Livraria da Travessa, localizada em um dos saguões do CCBB.
Um dos grandes momentos foi o Papo Animado com Cordell Barker, grande animador canadense. Seu curta The cat came back, de 1988, é simplesmente fantástico, não dá para cansar de assistir! Infelizmente não pude assistir à sua palestra, pois não havia mais ingressos. Mas Diego ainda conseguiu uma vaga, e pôde assisti-la. Cordell falou, entre outras coisas, de suas referências iniciais, que o inspiraram a ter esta maneira tão peculiar de fazer animação. Ele ainda mostrou alguns destes curtas, como o ótimo Hot Stuff. Após a palestra, Cordell ainda deu alguns autógrafos, esbanjando humildade, numa mesinha improvisada. Eu já estava fora do prédio, pois este já tinha fechado para o público (passava das 21h), mas consegui entrar novamente, para fotografar o momento em que ele concedia autógrafo a Diego, um ótimo momento! Posso ter perdido a palestra, mas felizmente ao menos os curtas eu ainda consegui assistir, em uma sessão especial que aconteceu no penúltimo dia ;)
Abaixo, imagens deste registro:
Ainda no CCBB, tivemos a palestra com a pesquisadora Maureen Furniss, autora do livro The Animation Bible e grande conhecedora dos processos e técnicas de animação. Ela falaria sobre o processo de se desenhar direto na película do filme, o Filme Direto, como vinha sendo chamado no festival. Dessa vez, eu consegui um ingresso para mim! O local escolhido foi uma sala do quarto andar do prédio, que lembrava à primeira vista um tribunal de justiça. Lá, Maureen mostrou curtas, indicou nomes de grandes animadores na área e explicou um pouco do processo de se fazer animação deste modo. Notei o público bastante atento, anotando cada palavra que aparecia nos slides, e era comum ouvir os muitos cliques de canetas se tampando e destampando a todo instante. Diego mesmo, sentado ao meu lado, tomou nota de tudo o que pôde.
Terminada a palestra, Maureen anunciou que distribuiria algumas publicações suas, uma coletânea de artigos sobre animação, publicados recentemente nos EUA, a um preço simbólico de R$10,00 cada. Ela até trouxe uma boa quantidade, mas tudo voou rapidamente. Diego ainda conseguiu dois exemplares. Maureen ainda conversou com algumas pessoas (quem se aventurava a falar em inglês), e deu autógrafos. Diego não se intimidou, e começou a conversar com ela com relativa tranquilidade, terminando por conseguir um autógrafo em seu exemplar de The Animation Bible. Mais um fato marcante, que rendeu mais algumas boas fotos de minha parte ;)
Fotos de mais este grande momento:
Continuando no CCBB, houveram ainda as palestras de Daniel Greaves, animador inglês, e Guilherme Marcondes, talentoso e reconhecido animador brasileiro. Não fui a nenhuma das duas, por falta de ingressos, e Diego só foi à de Guilherme, que segundo ele foi bem bacana.
Não era muita coisa que chegava a incomodar ou atrapalhar o Anima Mundi no CCBB, mas uma coisa era certa: os seguranças do prédio eram intimidadores. A sensação que se tinha era que eles estavam sempre olhando na sua direção; sempre desconfiando de todos os seus movimentos. Localizados em pontos estratégicos, os sisudos engravatados não deixavam escapar quase nada, nem mesmo quando havia movimento intenso nos corredores do CCBB. Lembro de ter sido chamado a atenção por um deles, por ter apoiado, momentaneamente, alguma coisa no parapeito do segundo andar. Evidente que não o fiz de propósito, foi só enquanto arrumava algo no bolso, mas o segurança não estava ligando para isso. Ele seguia ordens, e a ordem era pra não apoiar nada no parapeito, independente de ter sido inocentemente ou não. Também presenciei muita gente ser repreendida por sentar-se nos bancos do prédio e tocar o pé por acaso na superfície do banco. Hum, isso já é um pouco demais, não é? Isso, para não falar nos seguranças da Livraria da Travessa. Eles pareciam tratar cada pessoa que entrava na loja como um criminoso em potencial, seguindo a todos com olhos atentos, e às vezes nada discretos. Era até um pouco constrangedor pegar algum produto para olhar, e sempre era bom fazer gestos bem abertos! E ainda tinha todo o circuito interno de câmeras! Enfim, pelo menos não podíamos reclamar que o ambiente não era bem protegido ;)
Bom, seguem mais algumas fotos do prédio:
- Entrada central do CCBB, com o estacionamento sempre lotado. Ao fundo, a igreja da Candelária.
- Visão das salas do segundo andar. O curioso objeto no meio pertecia a uma instalação, que estava exposta bem no momento em que chegamos. São nestas salas superiores, como indicam as placas nas portas, que está acontecendo a exposição Zeróis, com enormes telas pintadas por Ziraldo (não poderia deixar de conferir, mas deixarei este assunto para uma postagem futura!).
- Detalhe das escadarias, que celebrando o Anima Mundi, também estavam devidamente adornadas!
- Provavelmente por conta da exposição Zérois, livros de Ziraldo eram constantemente expostos na vitrine da Livraria da Travessa.
Abaixo, algumas das fotos que fiz da majestosa estrutura do Centro Cultural:
- A cúpula era sem dúvida um dos destaques do prédio, e era comum ver de instante em instante alguém olhando para ela, ou então fotografando-a. Eu não poderia ter saído de lá sem ter tirado várias fotos da beleza desta arquitetura ;)
- Esta instalação estava exposta assim que chegamos ao CCBB pela primeira vez. Com a correria do festival, mal pudemos parar para admirá-la, e poucos dias depois ela foi encerrada. Parecia tratar-se de um conjunto de espelhos, que devia causar algumas distorções interessantes nessas formas superiores, talvez até na cúpula lá no alto.
- Diego, trajado a caráter, ao lado da vasta programação do Anima Mundi 2010 ;)
- Visão de fora do prédio, em uma das gélidas noites pelas quais passamos.
Bom, esse foi um pequeno passeio pelos principais eventos que pudemos acompanhar no CCBB. Mais informações do festival, sob o ponto de vista de Diego, em seu blog. Por aqui, continuo falando de nossas experiências no Anima Mundi 2010 na próxima postagem, até lá!
Ah, agora em agosto, o Diálogos Visuais completa 1 ano no ar, aguardem novidades!
Veja a parte III (Praça Animada), clicando aqui!
Veja a parte III (Praça Animada), clicando aqui!
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